terça-feira, 13 de setembro de 2011

Ètica do Advogado.

A reportagem trata da apresentação de um criminoso que teria, juntamente com seu comparsa, cometido um crime de latrocínio (roubo seguido de assassinato) contra um estudante da USP, de sua provisória libertação e da conduta de seu advogado quando da sua defesa.

A reportagem mostra essa apresentação do criminoso à polícia, acompanhado de seu advogado, usando primeiramente o enfoque do rosto do preso, para enfatizar a afirmação de que a pessoa ali na viatura da polícia, após ser liberado por ter se entregado, mostra-se despreocupado quanto à sua situação frente ao crime, onde se vê no rosto dele até um sorriso. O que se quis enfocar com isso foi a certeza da impunidade que, em muitos casos, se confirma ao final do processo criminal pelos quais passam essas pessoas. E essa impunidade gera a indignação do telespectador que, mais uma vez, vê com descrença a possibilidade de uma punição exemplar para mais um crime bárbaro.

Também há foco na entrevista do criminoso, que diz em tom autoritário, que a vítima foi a culpada pela sua própria morte, levando o espectador ao mais absoluto inconformismo pela sandice na aberrante inversão de valores que este promove. Aqui se quer mostrar o quão longe tem chegado a ousadia e arrogância de pessoas que tiram a vida de outras. O fato de a vítima ser jovem e ser estudante traz à notícia um tom mais forte no impacto que esta causa à opinião pública.

Também procurou-se mostrar na reportagem a fala do delegado responsável pelo caso, mostrando-se ao público a razão da quase certeza da impunidade por parte do criminoso: as possibilidades que a lei oferece para que a situação deste se atenue. Nesse caso, fica patente que o criminoso, por certo orientado para tal, apresenta-se à polícia, com o intuito de responder ao inquérito em liberdade.

Por fim, a entrevista de seu advogado gera uma grande indignação no público quando ele diz que seu cliente não entregara seu comparsa porque tem “ética”. Nesse ponto, a reportagem se volta para o estúdio e a apresentadora, em tom forte e irônico, pede para se repetir essa fala do advogado, no intuito de se enfatizar o desvio de conduta ética por parte de um profissional do Direito, de quem a sociedade espera atitudes bem diversa desta explicitada na reportagem.

A reportagem se mostra enquadrada em pelo menos dois critérios, segundo a Teoria do valor-notícia de Galtung e Ruge: a da negatividade e a da clareza. Mortes por assassinato comovem muito mais o público, atraindo-o à notícia. Segundo o critério da clareza, a reportagem é incisiva e clara quanto à culpa do criminoso (pela sua confissão) e à má conduta ética do advogado no exercício da defesa de seu cliente.

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